O corpo que não se mexe — um cérebro que endurece. Somos “educados” a ficar imóveis.

“Será que nossa vida adulta é um grande tribunal de imobilização corporal disfarçado de rotina? E que a dança — essa linguagem primária do corpo — não seria a forma revolucionária de sermos inteiros de novo?”

Quando crianças somos restringidos, para depois aprendermos a não questionar, a não explorar. A mente, privada da expressão corporal livre, perde agilidade e criatividade. Movimentos, emoções e ideias andam juntos — se um se reprime, todos os três empobrecem.

Até no parque de diversões da infância — aquele lugar de correr, subir, saltar — somos logo contidos. “cuidado para não sujar”, “calma, cuidado!”, “sente direitinho…”

A educação infantil gradualmente limita o movimento livre das crianças, substituindo espontaneidade por controle e contenção. A provocação vem aí: não será que essa contenção molda também como vamos nos mover emocional e intelectualmente na vida adulta?

Ouça o que o psiquiatra brasileiro, José Ângelo Gaiarsa, tem a nos dizer sobre isso:


Rudolf Laban, figura central da dança moderna e pai da análise do movimento, nos oferece as lentes perfeitas para examinar esse bloqueio corporal com profundidade.

Laban acreditava que o movimento é expressão, é pensamento, é emoção — e negar isso é silenciar a vida dentro de nós.


E na vida adulta este padrão sugerido de ser “quietinho” continua…

  • Acordamos, tomamos café, sentamos no transporte, no escritório… em cadeiras. O corpo se adequa ao espaço e não o questiona.
  • O tédio se instala, a mente adoece de monotonia.
  • A flexibilidade emocional e criativa vai cedendo lugar à rigidez.

É como se, em vez de ampliarmos nossa kinesfera (a esfera do movimento possível, como dizia Laban), a comprimíssemos até ela se tornar quase inexistente.


Por que dançar é vital?

  1. Integração plena mente-corpo
    O movimento instiga o pensar diferente. Dançar nos reconecta com sensações profundas, ativa memórias, propicia insights.
  2. Intuição, emoção e sociabilidade
    A dança não é só uma sequência de passos — é comunicação não-verbal, é vínculo social, é liberar o corpo para dizer sem precisar das palavras.
  3. Saúde integral
    A dança-terapia (ou dance/movement therapy) emprega movimento como ferramenta psicoterapêutica: melhora emoções, cognição, funções motoras, regula ansiedade e stress em todas as idades.
  4. Espaço expandido pelo movimento
    Laban falava da Space Harmony: mover-se seguindo padrões naturais é experimentar uma espécie de arquitetura interna que amplia nossa relação com o mundo — renovar espaço interno e externo ao mesmo tempo.

O convite está lançado: mexa-se. Expanda sua kinesfera, desafie seu corpo a sentir fora do contorno imposto, dance mesmo que em silêncio.

Em breve lançaremos uma nova data para a vivência “Dançar o Cotidiano”, fique atento e venha participar!


VAMOS FALAR DE ARTE, TECNOLOGIA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL?