A arte pode ser vista como uma ameaça para governos neoliberais porque questiona a lógica mercadológica que prioriza o lucro e a eficiência econômica sobre valores humanos e sociais. Por meio do pensamento crítico e da valorização da diversidade, a arte expõe desigualdades sociais, dá voz a grupos marginalizados e resiste à padronização cultural promovida pelo mercado global. Além disso, ela estimula a mobilização social, tornando-se um veículo de contestação e engajamento político, desafiando narrativas simplificadas e tecnocráticas frequentemente associadas a políticas neoliberais.
Este vídeo sobre o Movimento Armorial exemplifica um pouco sobre esta reflexão:
Governos neoliberais frequentemente tentam enquadrar a cultura dentro de uma lógica de mercado ou reduzir investimentos no setor, buscando desarticular seu potencial transformador. No entanto, a arte resiste ao controle e à censura, mantendo seu papel de questionar estruturas de poder e desigualdade. Como disse Glauber Rocha, “a função do artista é violentar”, ou seja, provocar abalos nas bases que sustentam injustiças, muitas vezes reforçadas por modelos neoliberais. Dessa forma, a arte permanece como um espaço de resistência e transformação social.
O escritor brasileiro Ariano Suassuna afirmou:
“Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”
Essa visão ressalta o papel transcendental da arte na sociedade, indo além de valores mercadológicos e enfatizando sua função essencial na formação cultural e emocional dos indivíduos.
Portanto, é imperativo que governos, instituições e a sociedade em geral reconheçam e apoiem as artes como elementos centrais para o desenvolvimento humano e a coesão social. Investir em cultura é investir na capacidade de uma sociedade de se reinventar, de dialogar consigo mesma e de encontrar caminhos para um futuro mais justo e harmonioso.
Aprofunde o seu conhecimento sobre neoliberalismo e arte contemporênea com essa aula promovida pelo SESC Cultura:
Fontes:
Paulo Freire: Pedagogia do Oprimido (1970) – Freire aborda como a educação e a cultura são atos políticos e podem servir como ferramentas de libertação e questionamento de sistemas opressores.
David Harvey: O Neoliberalismo: História e Implicações (2005) – Explora como o neoliberalismo impacta setores como cultura e educação, além de como forças culturais resistem à lógica do mercado.
Pierre Bourdieu: A Distinção (1979) – Discute como a cultura e a arte desempenham papéis importantes na estruturação de desigualdades sociais, algo frequentemente exacerbado em sistemas neoliberais.
Ariano Suassuna: O Movimento Armorial – Suassuna afirmou que a arte deve transcender o mercado, sendo uma missão e uma vocação.




