As expressões artísticas podem ser uma ferramenta valiosa na educação, especialmente quando se trata de desenvolver habilidades importantes, como pensamento crítico e criatividade. Essas habilidades são essenciais para a resolução de problemas e tomada de decisões, bem como para a inovação e a imaginação.
As artes, sejam elas visuais, musicais ou teatrais, proporcionam oportunidades para que os alunos expressem suas ideias, emoções e perspectivas, permitindo que eles ampliem sua visão de mundo e encontrem soluções inovadoras para problemas complexos. Em acordo com esse pensamento, a filósofa Hannah Arendt defende que a educação artística deve ser uma prioridade, pois ela permite que os alunos desenvolvam a capacidade de refletir sobre o mundo e sobre si mesmos.
Segundo Vygotsky (1978), a arte proporciona uma experiência emocional e cognitiva que desafia a mente do indivíduo e o leva a novas perspectivas. Dessa forma, o contato com as expressões artísticas pode ajudar a expandir a mente do aluno e a estimular a criatividade.
Neste artigo, vamos refletir sobre o ensino das artes, ou da educação através das artes, como disciplina fundamental que proporciona “libertação da monotonia do mundo comum e permite que o indivíduo desenvolva sua capacidade de pensamento e julgamento” (Arendt, 1958, p. 213).
Segundo o filósofo John Dewey (2010), a arte é uma forma de expressão que permite que os indivíduos aprendam a ver o mundo de diferentes perspectivas e a desenvolver habilidades de pensamento crítico. Em sua obra “Arte como experiência”, ele argumenta que a arte pode ajudar a desenvolver a capacidade de julgar e avaliar, permitindo que as pessoas formem suas próprias opiniões e avaliem as informações que recebem.
A psicóloga Ellen Winner, em seu livro “How Art Works: A Psychological Exploration”, também reforça os estudos de Dewey e argumenta que a arte é um meio eficaz de desenvolver a criatividade e a criticidade, pois ela permite que as pessoas explorem diferentes perspectivas e soluções para problemas complexos (Winner, 2019). Segunda a autora, a prática de atividades artísticas pode ajudar a desenvolver a capacidade de pensar fora da caixa, estimulando a imaginação do aluno. Além disso, a arte pode ajudar a expandir a percepção do indivíduo, fazendo com que ele seja capaz de perceber e apreciar a beleza em diferentes aspectos da vida.
De acordo com Vygotsky (1978), a arte é um meio de mediação entre o indivíduo e o mundo e permite a construção da sua compreensão dos cenários ao seu redor e de novos significados. Também sobre isso, Paulo Freire (2005) argumenta que a arte tem o potencial de ajudar o aluno a refletir sobre a sociedade e a sua própria experiência, estimulando-o a questionar e a buscar novas formas de compreender a realidade.
Além disso, a prática de atividades artísticas, como pintura, desenho, escultura, música, dança e teatro, envolve a experimentação, o erro e o risco, o que pode ajudar a desenvolver ainda mais a criatividade. A escritora Julia Cameron (2020), em seu livro “O Caminho do Artista”, afirma que a arte é uma forma de desenvolver a capacidade de inovação, pois incentiva as pessoas a pensarem de maneira diferente e a experimentarem coisas novas.
A neurocientista Semir Zeki (1999) argumenta que a apreciação estética envolve um processo cognitivo complexo, que requer a capacidade de avaliar, comparar e analisar diferentes elementos da obra de arte.
Portanto, ao trabalhar com arte, os alunos aprendem a observar, contextualizar e interpretar diferentes elementos, tais como cores, formas, sons, texturas e movimentos. Essas habilidades são essenciais para a compreensão de conceitos complexos em todas as áreas do conhecimento (Eisner, 2002).
O psicólogo Howard Gardner também destaca a importância da arte na educação especialmente em relação ao desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais. Segundo ele, a arte ajuda a desenvolver a empatia, a sensibilidade e a capacidade de entender e respeitar as perspectivas dos outros.
Em resumo, as expressões artísticas na educação podem contribuir significativamente para o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade, permitindo que os indivíduos aprendam a ver o mundo de diferentes perspectivas, experimentem coisas novas e desenvolvam habilidades emocionais e sociais.
A educação artística permite que os alunos se expressem livremente e desenvolvam habilidades de observação, análise e interpretação que são essenciais para o sucesso em todas as áreas da vida.
Ao oferecer experiências artísticas ao longo da vida dos indivíduos, não só proporcionamos uma aprendizagem mais prazerosa e significativa, como expandimos a sua visão de mundo e a sua capacidade de ser um agente transformador da sociedade.
Pode-se concluir que as artes na educação contribuem significativamente para o desenvolvimento humano, social e cultural de uma sociedade, sendo de grande importância que as escolas e espaços não-formais de aprendizado incluam as artes em seus currículos e programas sociais.
Artigo escrito em contexto acadêmico por Sheila Rocha, Mestrado em Educação e lazer.
Referências:
Arendt, H. (1958). The Human Condition. Chicago: University of Chicago Press.
Cameron, J. (2020). O Caminho do Artista. Uma via espiritual para redescobrir a sua criatividade. Lua de Papel.
Dewey, J. (2010). Arte como Experiência. Martins.
Dewey, J. (1934). Art as Experience. Capricorn Books.
Eisner, E. (2002). The Arts and the Creation of Mind. Yale University Press.
Freire, P. (2005). Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra.
Gardner, H. (1995). Inteligências múltiplas: A teoria na prática. Artes Médicas.
Vygotsky, L. S. (1978). Mind in Society: The Development of Higher Psychological Processes. Harvard University Press.
Vygotsky, L. S. (1978). Mind in society: The development of higher psychological processes. Harvard University Press.
Winner, E. (1997). Invented worlds: The psychology of the arts. Harvard University Press.
Winner, E. (2019). How Art Works: A Psychological Exploration. Oxford University Press
Zeki, S. (1999). Art and the brain. Journal of Consciousness Studies, 6(6-7), 76-96.




